4.24.2009

História do Zé

Quando eu era miúdo fui a Vilela ver jogar o Nogueirense na estreia do Campo do Carriço em Vilela. O saudoso Manuel Nina chegou-se ao pé de mim e disse-me “miúdo daqui a um dois anos vais jogar em Nogueira”. Não sei onde ele me tinha visto jogar, mas fiquei contente com as suas palavras. Não fui logo para Nogueira, mas sim para Tábua onde me iniciei a jogar à bola, mas acabei por ir para o Nogueirense em virtude de pertencer à minha freguesia. Quando lá cheguei havia uns “maduros” que gostavam de “assacanar” os mais novos. Mas como eu também era atravessado também os lixava, como aquele episódio em que dois “manos”, quando estávamos a tomar banho no fim de um treino, tinham a mania de se utilizarem do meu Shampoo. Um belo dia, enchi o frasco do Shampoo com óleo queimado, levei-o para os balneários deixando-o no mesmo sítio. Os artistas como era hábito, toca a utilizar o conteúdo do frasco. Claro que quando se aperceberam, estavam todos negros até às unhas dos pés. Rizada geral, mas sempre boa disposição. Doutra vez fomos jogar ao Eiras e perdemos por 1-0. Nesse jogo a árbitro marcou um penalty contra nós que foi repetido 4 vezes. Cada vez que era marcado o Ribeiro defendia-o. Assim o fez por 4 vezes. À quinta, virou as costas à bola e foi golo. Claro que, irritado chamei aquele nome feio que se dá ao macho da vaca ao árbitro. Fi-lo e escondi-me atrás do Martins, um dos intervenientes no episódio do Shampoo. O árbitro voltou-se, viu o Martins que era grande e não me viu a mim. Toca de mostrar o vermelho ao Martins. Este irritado virou-se para mim e disse-me: “Não fosse cá por coisas, dava-te dois estalos”.

Entre alegrias e tristezas, dedico-me a este clube que adoro. Alegria das vitórias e dos muitos golos que marquei, tristeza das derrotas, da cabeçada que levei no Casaense e a fractura da perna (tíbia dos dois lados e perónio), já nas velhas guardas.

Hoje sou mais um na velha guarda, “a pisar uvas” como diz o Zé Pelota, mas isso é porque na hora da verdade eu marcava muitos golos na baliza adversária, ao contrário dele que marcava muitos golos, mas na própria baliza. Mas à alegria que sinto por este convívio salutar que nos permite recordar (pois recordar é viver) os velhos tempos em que éramos mais novos e jogávamos à bola, para além de proporcionar uma grande amizade, vem a tristeza de este grupo não contar com muitos outros que fizeram a história do Nogueirense e que andam afastados do grupo. Uns porque não podem, outros porque simplesmente não querem.
Um abraço a toda a família Nogueirense.
Zé Alexandre